O que te faria feliz? Qual é o valor que sua conta bancária precisaria ter para que você estivesse contente?
Certa vez, fizeram uma pergunta semelhante para John Rockefeller, que foi um dos homens mais ricos da história. John, quanto dinheiro é suficiente pra você? A resposta foi: “Só um pouco mais”.
A meu ver, muitos estão tendo a mesma resposta atualmente. Muitos estão dizendo com suas atitudes: só um pouco mais hoje, só um pouco mais amanhã, só um pouco mais depois de amanhã…
Isso é evidente, afinal, boa parte das pessoas nunca estão financeiramente satisfeitas, até porque, sempre há algo novo para comprar que promete trazer mais felicidade: você será mais feliz dirigindo esse carro, esse celular é o que você precisa, você merece a casa dos seus sonhos.
Semelhantemente, sempre existem novas experiências para vivenciar que prometem trazer felicidade: seja uma viagem, um passeio, um restaurante e uma infinidade de outras experiências.
Contrariando a tudo isso, Salomão afirmou algo impactante: “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade (Eclesiastes 5:10).
Não há como encontrar contentamento (real) na vaidade. E Deus inspirou Salomão para escrever que amar o dinheiro e a abundância é vaidade.
Porém, sejamos francos: como um pai (ou uma mãe) de família ficaria feliz não tendo condição financeira para manter seus filhos da forma que deveria? Como alguém poderia estar feliz sem ter nem mesmo o dinheiro do aluguel?
Se por um lado, o amor abundância não é a chave para a felicidade; por outro lado, a amizade com a pobreza, também parecesse não ser o caminho da felicidade.
Então, qual é o caminho do (real) contentamento financeiro?
O contentamento financeiro não está em ter coisas
Não sejamos hipócritas, todos nós gostamos de comprar algumas coisinhas. Alguns ficam felizes comprando eletrônicos, outros comprando roupas, também tem aqueles que gostam mesmo é de comprar comida. O que é quase unanime é que humanos gostam de comprar.
Comprar é bom, eu gosto e você também. O problema não é comprar. O problema é o quanto compramos! Como diz o ditado: a diferença entre o remédio e a droga é a dose.
Hoje nos tornamos escravos da compulsão pelo consumo. Inclusive, tem gente que não consegue passar um dia se quer sem não comprar nada. Vale até a sugestão: olhe seu extrato bancário e conte os dias que você não comprou nada – talvez, você vai se surpreender ao perceber que em quase todos os dias você fez alguma compra.
O fato é que estamos a todo momento sendo alimentos pelo desejo de comprarmos mais. Veja, a cada dia surgem novos produtos e serviços que parecem ser essenciais a vida. As propagadas dizem: você nã pode ficar sem isso; sua vida não será mais a mesma com tal produto. Pense bem, quantas coisas que, hoje você não vive sem, nem mesmo existiam há pouco tempo?
Parece que as nossas necessidades só aumentam. Para piorar, somos bombardeados por propagandas. E quando falo bombardeados, estou tentando colocar o máximo possível de intensidade nessa expressão. Veja só: uma pesquisa estimou que somos expostos a algo entre 4.000 e 10.000 anúncios por dia. Isso é assustador! A cada dia, pelo menos 4 mil empresas, pessoas e profissionais (altamente gabaritados) do marketing tentam te convencer que você será mais feliz ao comprar determinado produto ou serviço.
Pense bem… Qual é o resultado disso? O resultado é uma vida de infelicidade. Uma vida de infelicidade, pois dessa forma, nossos desejos de consumo vão cada vez crescendo mais do que nossos salários. Em outras palavras, vão surgindo mais coisas que você deseja comprar do que dinheiro para você as comprar. Obviamente, isto não te deixa feliz. Isto te faz querer ter mais dinheiro para poder suprir suas crescentes necessidades de contentamento.
Na Bíblia existe um relato que, a meu ver, vai nessa direção.
Certa vez Jesus foi abordado por um homem pedindo ajuda quanto aos seus bens: […] “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lucas 12:13).
Mas, a resposta de Cristo (aparentemente) foi um pouco grossa: Homem, quem me constituiu a mim por juiz ou repartidor entre vós (Lucas 12:14)?
Algo aqui me chama atenção, este homem que pediu ajuda teve a chance de falar com Jesus! Ele teve a oportunidade de conhecer a Cristo! Ele teve a chance de desfrutar da presença do Mestre!
Mas, ele desperdiçou tudo isso! Desperdiçou porque seus olhos estavam fixados apenas no dinheiro, naquilo que o dinheiro poderia comprar e que ele (pensava) que o faria feliz!
Depois de responder a pergunta, Jesus disse ao povo: Acautelai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância de bens que ele possui.” Lucas 12.13-15
Jesus aqui deixou claro que a busca por bens materiais jamais trará contentamento real e permanente. Logo, focar toda sua vida no enriquecimento material, focar somente em ter, em comprar e em enriquecer, é ilógico, é algo que não faz sentido, afinal, a vida não consiste na abundância de bens.
Várias pesquisas têm buscado entender a relação entre felicidade e bens materiais. O curioso é que muitas delas constatam que a compra de coisas gera sim a sensação de prazer. Comprar pode sim melhorar o humor. Inclusive, foi constato que comprar pode gerar em nosso cérebro um efeito semelhante ao sentido por usuários de drogas.
O problema é que essa sensação de prazer e bem-estar dura pouco, muito pouco. Você pode desfrutar de minutos de contentamento, horas, ou até mesmo poucos dias. Mas, geralmente, compras de bens não geram contentamento prolongado. Entretanto, mesmo não gerando, as pessoas continuam comprando, continuam consumindo de forma desenfreada – o que me faz questionar: será que estamos consumindo ou sendo consumidos?
O contentamento financeiro não está em ter experiências
Sobre a relação dinheiro e felicidade, uma pesquisa ganhou muita notoriedade ao constatar que a compra de experiências gera uma sensação de satisfação maior que a compra de bens materiais. Por exemplo, a compra de uma viagem, onde se vive a experiência de conhecer um novo lugar, gera uma sensação de contentamento significativamente maior do que a compra de um celular.
Note que, ao fazer uma viagem marcante, por mais que os anos passem, a memória dos momentos vividos, do tempo que você esteve conhecendo algo novo, estará em sua mente. O que trará boas lembranças, aquela sessão de nostalgia boa. E, a cada ano, a agradável sessão ao lembrar dos momentos bons, aumentará.
Em contrapartida, o mesmo não ocorre na compra de um bem material. O prazer da compra de um celular só vai diminuindo com o tempo: no dia posterior da compra, você estará menos contente; no mês seguinte, menos contente ainda; e, em um ano, você já poderá estar tão infeliz que possivelmente estará desejando um novo celular.
Alguns pesquisadores de psicologia financeira atestam que tão padrão é extremamente comum. O que nos leva ao fato de que, comprar experiências, tende a trazer uma sensação de mais contentamento que comprar de coisas.
Logo, podemos inferir que o Contentamento Financeiro se dá da seguinte forma: Comprar coisas gera menos contentamento do que comprar experiências:
Coisas < Experiências
Mas, porém, entretanto… Existe algo que pode gerar bem mais contentamento do que comprar coisas ou boas experiências. E a Bíblia revela que algo é este que gera pleno contentamento financeiro:
O contentamento financeiro está em andar com Deus
A Bíblia tem uma perspectiva sobre contentamento muito diferente. As Escrituras vão além do que as pesquisas dizem. O contentamento bíblico não se trata de comprar coisas ou experiências, mas de ter um relacionamento constante com Deus.
Em Filipenses 4, Paulo descreve como se dá o contentamento bíblico. Ele diz:
Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância.
Filipenses 4:11-13
Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece.
Ao escrever isso, Paulo estava na prisão. E naquela época, os presos dependiam de familiares ou amigos para suprem suas necessidades. Logo, podemos imaginar que a situação financeira de Paulo, não era das melhores. Não, ele não estava comprando inúmeras coisas no shopping, nem mesmo comprando boas viagens ou jantares em restaurantes. Porém, mesmo não estando na melhor condição, ele descreve seu contentamento em Cristo. E tal contentamento, revela algumas verdades impactantes sobre o contentamento bíblico:
1° verdade sobre o contentamento financeiro para crentes: o contentamento (pleno) não pode se basear em circunstâncias
Paulo viveu em abundância e em necessidade em diversos momentos de sua vida. E, em todos os momentos, esteve contente. Seu contentamento não era condicionando as circunstâncias.
2° verdade sobre o contentamento financeiro cristão: estar contente é um aprendizado
Veja o que Paulo diz nos versículos que lemos: Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação.
Você não nasce sabendo como estar contente em toda e qualquer situação. Pelo contrário! Na sua infância, quando você sentia fome, você chorava, gritava, você dizia para Deus e o mundo que não estava contente e que precisava ser alimentando. Ao contrário do que muitos pensam, o contentamento não algo tão natural assim.
Se queremos contentamento, precisamos aprender a nos contentarmos. E tal aprendizado, não acontece da noite para o dia.
3° verdade sobre contentamento financeiro: Deus é suficiente
Grave isso: a chave para o contentamento real, contínuo e verdadeiro está em nosso relacionamento com o Eterno. A procura por dinheiro, bens, experiências e etc não trará a felicidade que você procura. A felicidade real está em Deus.
Logo, podemos complementar dizendo que o Contentamento Financeiro se dá da seguinte forma: Comprar coisas gera menos contentamento do que comprar experiências; e comprar experiência gera menos contentamento do que andar com Deus:
Coisas < Experiências < Deus
Nessa semana eu li uma obra clássica do filosofo e teólogo cristão Agostinho de Hipona: o livro intitulado “Sobre a vida feliz”. Nessa obra, Santo Agostinho busca entender o que realmente traz felicidade. Neste propósito, Agostinho percebe que a vida feliz não pode vir de coisas passageiras, pois, como já sabemos, coisas passageiras passam.
Uma boa condição financeira pode passar, bens materiais podem ser perdidos, empregos bem remunerados também, investimentos podem sofrer confiscos, fraldes ou perderem o valor diante de uma crise financeira. Até mesmo o sentimento de contentamento vindo das boas experiências que você comprou, pode não durar para sempre – pessoas que perderam a memória num acidente são prova disso.
Logo, relacionar felicidade a coisas passageiras não é o melhor caminho para uma vida feliz. Sua felicidade não pode depender dos bens, nem das circunstâncias, nem mesmo das experiências. Pois, tudo isso é passageiro. Sua felicidade deve estar relacionada àquilo que é eterno.
E o que é eterno?
Deus é eterno! Ele foi, é e sempre (sempre, sempre) será. Portanto, felicidade não é ter bens, ou experiências ou circunstâncias confortáveis e agradáveis. A felicidade é andar com Deus.
Ande com Ele e você aprenderá a estar feliz, independente da circunstância, tal como Paulo e tal como reforça 1 Timóteo 6:8: […] tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.
Escolha amar a Deus e não ao dinheiro, dessa forma você notará que Ele nunca te deixará, assim como diz o livro de Hebreus: Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei (Hebreus 13:5).
Caminhe com Cristo e Ele te ensinará que “Há maior felicidade em dar do que em receber”, conforme vemos em Atos 20:35.
É claro que, se você decidir entregar seus caminhos ao Senhor, ele vai suprir as suas necessidades (como diz Filipenses 4:19). Se você realmente caminhar com Cristo, você se tornará um profissional melhor, afinal, sua palavra diz que devemos trabalhar com se estivéssemos trabalhando pra Ele. É evidente que, ao andar verdadeiramente com Cristo seguindo sua palavra, você aprenderá a poupar e investir dinheiro, pois é isso que sua palavra aconselhe.
Sim, tudo isso que você aprende andando com Cristo, te dará insumos para uma vida financeira de pleno contentamento. O Contentamento Financeiro Cristão não está restrito a ter muito ou pouco. O contentamento está relacionado a fazer aquilo que deve com aquilo que se recebe – tal como os servos da parábola dos talentos que multiplicaram os talentos recebidos.
Você recebeu talentos, multiplique-os e se alegre!
Se isso fez sentido pra você, se te edificou de alguma forma, me diga nos comentários. Vamos continuar essa conversa logo abaixo. Compartilhe também o que te edificou, acredito que o que você tem a dizer pode abençoar a vida de outras pessoas.
Deixo agora uma sugestão de artigo relacionando: o minimalismo cristão. Nele apresento a grande relação que há entre minimalismo e cristianismo.
No mais: forte abraço fique na paz de Cristo e até a próxima.