Em sua trajetória terrena, por muitas vezes, Jesus usou uma maneira diferente de ensinar: Ele explicava as verdades do reino por meio de parábolas.
Certa vez, Jesus foi convidado para um jantar na casa de Simão. Naquela época, esse tipo de ocasião proporcionava oportunidade para que o anfitrião demonstrasse sua posição social.
Veja, Jesus estava se tornando conhecido, popular, se tornando uma espécie de “celebridade” naquele tempo. Sendo assim, fazer um evento em sua casa, com alguém de renome, aonde as pessoas poderiam vir, comer com Jesus e fazer perguntas para Ele, dava prestígio ao anfitrião Simão. É por isso que, quando uma mulher, com reputação de pecadora, soube que Jesus estaria lá, decidiu aparecer no evento.
Se pensarmos bem, a decisão dessa mulher foi incrível. Ela sabia que não seria bem-vinda, que seria desprezada e ignorada. Fato é que seu desejo de estar na presença de Jesus, a colocaria numa posição social extremamente vulnerável.
Enquanto Jesus estava reclinado à mesa, ela ficou atrás dele chorando. Como Jesus disse mais tarde, seus pés estavam sujos e Simão ainda não tinha providenciado uma oportunidade para que o Mestre os lavasse, como era costume ao receber uma visita naquela época. Essa mulher começou a lavar os pés do mestre com suas lágrimas e enxugá-los com seus cabelos. Como se não bastasse, ela ungiu os pés do Mestre com um perfume caro – inclusive, vale dizer que, talvez, essa seja a única coisa de valor financeiro elevado que ela tinha. O evangelho de Lucas retrata o seguinte:
Ao ver isso, o fariseu que o havia convidado disse a si mesmo: “Se este homem fosse profeta, saberia quem nele está tocando e que tipo de mulher ela é: uma ‘pecadora’”.
Lucas 7:39
A reputação da mulher não era nada boa. Simão pensou: este homem chamado Jesus não pode ser um profeta, pois, Ele está deixando essa pecadora tocá-lo. Para ele, se Jesus fosse um profeta, Ele saberia que tipo de mulher ela era e não a deixaria tocá-lo.
Tal pensamento tinha fundamento, afinal, na cultura judaica daquele tempo, as pessoas (tidas como) justas deveriam evitar aquelas que eram (conhecidas) como pecadoras, tal como se evita o contato com alguém com uma doença contagiosa.
Simão não acreditou que Jesus conhecia a história daquela mulher e (mesmo assim) valorizou a companhia dela. É neste contexto que Cristo conta a famosa parábola dos dois devedores.
Observação: caso prefira, fique sabendo que existe uma versão em vídeo deste artigo publicada no YouTube.
A Parábola Dos Dois Devedores
Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. Nenhum dos dois tinha com que lhe pagar, por isso perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais? Simão respondeu: “Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. “Você julgou bem”, disse Jesus.
Lucas 7:41-43
É fácil entender o significado dessa parábola. E (certamente) Simão compreendeu imediatamente o que Jesus estava dizendo. Ora, um denário equivalia ao salário de um dia de trabalho. Um dos devedores da parábola devia quase dois anos de salário, enquanto outro devia menos de dois meses. Ambos ficariam gratos por terem suas dívidas perdoadas, mas não ficariam igualmente gratos, afinal, aquele que mais devia ficaria bem mais grato que o outro.
Jesus Vê A Pessoa, Não O Problema
[…] virou-se para a mulher e disse a Simão: “Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés. Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés. Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama”.
Lucas 7:44-47
O evangelista Lucas destaca um ponto importante: Jesus volta sua atenção para a mulher e garante que Simão faça o mesmo perguntando se ele vê aquela mulher. Essa é uma pergunta relevante. É claro que Simão a ver, afinal, ele não era cego. Todavia, o fariseu Simão não a vê como uma pessoa, ele a ver apenas como uma pecadora, um problema, talvez um estorvo social que os governantes não conseguiram resolver.
Depois de colocar a atenção na mulher, Jesus a humaniza, ele começa a lembrá-los de que ela não é um problema ou algo do tipo, ela é uma pessoa.
Jesus deixou claro que Simão não agiu bem. Um bom anfitrião teria, pelo menos, fornecido água para os convidados lavarem os pés, mas Simon não se incomodou. Um bom anfitrião teria cumprimentado seu convidado com um beijo (que naquela época era algo similar ao nosso aperto de mãos), mas Simão não o fez. Um bom anfitrião teria ungido a cabeça do convidado com óleo. Mais uma vez, Simão negligenciou a boa recepção. Enquanto isso, a mulher entrou na festa e demonstrou um nível de amor e apreço por Jesus que Simão nem chegou perto.
Por que essa mulher demostrou tanto amor por Jesus?
A resposta é apresentada na parábola. Porque, tal como a pessoa que tinha uma dívida elevada, a mulher sabia que também tinha uma grande dívida. Ela sabia que havia um abismo entre ela e a santidade de Jesus. Ela tinha consciência dos seus muitos pecados.
Por outro lado, Simão não fazia caso de Jesus. Ele já tinha conseguido o que queria seguindo a lei, sendo um bom judeu e trabalhando. Ele não via em Jesus alguém que poderia fazer muito por ele.
O Problema Da Autossuficiência
Quem recebeu o perdão da dívida maior passou a amar mais o credor, pois, ele certamente se via mais incapaz de pagar a dívida. Ele percebeu que o ato de compaixão do credor foi grande, muito grande. Ele percebeu que se livrou de um problema grave, algo que fazia muitos terem seus bens confiscados, se tornarem escravos e até mesmo serem mortos. Jesus usou tal parábola para expressar a situação da mulher e de Simão.
A mulher fez de tudo que podia para comunicar o seu amor a Jesus. Ela sabia que não era bem-vista socialmente. Além de ser mulher, o que não era muito confortável naquela sociedade centrada no homem, ela ainda era pecadora. Dificilmente alguém assim se achegaria a um mestre como Jesus. Por isso, ela fez absolutamente tudo o que podia fazer.
Em contrapartida, podemos deduzir que Simão já tinha o respeito das pessoas. Ele não estava preocupado com o que Jesus pensaria, não se importava em recebe-lo bem, pois, ele não via que Jesus poderia lhe oferecer muito mais do que ele já tinha. Ele não sentia que tinha muito pecados para serem perdoados, então não sentiu muita gratidão pela visita de Cristo. Sua falta de senso de necessidade e autossuficiência se refletiu em falta de amor.
Autossuficiência Financeira
Algumas pesquisas atestam que a fé (geralmente) é mais presente entre as pessoas de classes socioeconômicas menos favorecidas. Em outras palavras, aqueles que possuem menos recursos financeiros, tendem a buscar mais ao Senhor. Nessa linha, Jesus certa vez disse que “é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”.
Não podemos negar que, quem tem uma boa condição financeira (que possui bens, um bom patrimônio, um bom emprego, com um bom salário, uma boa renda ou mesmo uma aposentadoria elevada), tem uma tendência maior de se ver menos necessitado de Deus. É por isso Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.
É fato: o dinheiro protege quem o tem. Com dinheiro você pode: contratar planos de saúde melhores, ter alimentos melhores, viver em regiões melhores, bem como, ter meios de transportes mais seguros. Tudo isso pode passar a falsa sensação de segurança e proteção. Sensação esta que leva muitos a autossuficiência de Deus, semelhante ao que aconteceu com Simão.
Contudo, não podemos nos enganar: tal como o pobre, o rico também necessita muito de Deus. Tal como o endividado, o endinheirado também precisa da graça de Deus para perdoar a multidão de seus pecados. Sem contar que, até mesmo as pessoas mais prosperas do mundo, precisam de Deus para adquirirem riqueza, pois, sem saúde, sem uma mente sã, e sem o folgo de vida: jamais poderão produzir coisa alguma. E nessa linha, a Bíblia diz: Antes, lembrem‑se do SENHOR, o seu Deus, pois é ele quem dá a vocês a capacidade de produzir riqueza […] Deuteronômio 8:18.
Antes, lembrem‑se do SENHOR, o seu Deus, pois é ele quem dá a vocês a capacidade de produzir riqueza […]
Deuteronômio 8:18
O rico é tão necessitado quanto o pobre, mas, o dinheiro o faz pensar que não. Ei… Não há dinheiro no mundo que devolva o fôlego de vida para alguém. O salmista reforça isso:
Homem algum pode redimir seu irmão ou pagar a Deus o preço de sua vida, pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre para que viva para sempre e não sofra decomposição.
Salmos 49:7-9
Reconhecendo Nossa Necessidade
Quando lemos a parábola dos dois devedores, é preciso nos perguntarmos: será que amamos Jesus ao ponto de reconhecer o que Ele fez, faz e ainda fará por nós? Quanto mais reconhecermos a profundidade do que o Senhor fez por nós, mais nos esforçaremos para obedecê-lo e adorá-lo.
Espero realmente que essa mensagem produza algo em nós. Que eu e você possamos mudar algo em nossa vida para respondermos com mais amor e gratidão a tudo o que o Senhor já fez por nós.
Se você tem o interesse de aprender mais sobre finanças a luz da Bíblia, acesse o link abaixo e assista uma aula especial onde apresento 3 chaves bíblicas para você ter uma vida financeira mais prosperar e alinhada aos princípios bíblicos:
Acesse aqui a Palestra 3 Chaves Bíblicas para Prosperar!
No mais: forte abraço, fique na paz do Senhor e até a próxima.