Certo dia, Jesus estava à beira do Mar da Galiléia, e uma multidão (cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças) veio ouvir seus ensinamentos. À medida que a noite se aproximava, preocupados com a fome do povo, os discípulos sugeriram que o Mestre mandasse as pessoas embora para os povoados vizinhos a fim e que eles comprassem comida.
Porém, Jesus disse que as pessoas não precisavam ir e que os discípulos deveriam alimentá-las. Rapidamente, eles responderam:
Temos apenas cinco pães e dois peixes — a menos que compremos alimento para toda esta multidão.
Lucas 9:13
Fico imaginando a expressão que eles fizeram ao ouvir Jesus falando isso. Acredito até que eles devem ter pensado algo como: Mestre, você só pode estar de brincadeira, né? Como vamos alimentar toda essa multidão?
Provavelmente, você já conhece o final da história. Jesus multiplica os pães e peixes e alimenta a multidão. Este é um dos milagres mais importantes de Cristo, afinal, ele aconteceu aos olhos de várias testemunhas. Imagine a cena, cerca de 10 mil ou 15 mil pessoas viram com seus próprios olhos o poder extraordinário do Filho de Deus. Tal acontecimento é tão importante, tão marcante, que foi registrado em todos os evangelhos. E, pelo que eu me lembre, este é o único milagre registrado em todos os quatro evangelhos.
Fato é que, depois que comerem e ficaram satisfeitos, sobrarão 12 cestos cheios de pedaços (Lucas 9:17). Aqui cabe uma reflexão. Você já se perguntou o que aconteceu com aquela comida extra?Será que cada um dos discípulos levou uma cesta para casa? Ou será que alguns não estavam presentes e a comida excedente foi destinada para eles? Ou será que Jesus errou no cálculo?Será que Ele multiplicou por engano a comida para mais?
É obvio que Jesus não errou. É claro que Ele sabia exatamente o quanto cada um comeria e, consequentemente, o quanto Ele deveria multiplicar o alimento. Porém, mesmo sabendo o que era necessário, sobraram 12 cestos. Sobre essa sobra, o evangelho de João diz o seguinte:
Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus
João 6:12
discípulos: “Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado”.
A Bíblia não diz o que aconteceu com os cestos excedentes. Por algum motivo, o Senhor não nos deixou saber o destino desse alimento excedente. Fato é que o Senhor ordenou que o excedente fosse guardado e que nada fosse desperdiçado.
Jesus não errou no cálculo. Se foi entregue mais que o necessário, Ele tinha um propósito nisso. Foi algo intencional; uma abundância intencional e proposital.
Tal acontecimento me fez refletir:
- Será que Deus frequentemente faz isso?
- Será que Deus tem o costume de prover mais que o necessário?
- Ou Ele faz essas provisões extravagantes apenas em determinadas ocasiões especiais?
Deus costuma prover de forma abundante?
De Gênesis a Apocalipse vemos o Senhor sendo abundante em diversos momentos, tanto em sua graça para conosco, quanto em sua provisão além do necessário. De fato, é comum vemos Deus fornecendo mais que apenas o necessário. Porém, na grande maioria dos casos, a Bíblia deixa claro que a havia um propósito na abundância. Deus proveu a mais por causa de um propósito.
Por exemplo, através de José, Deus revelou ao Faraó que haveria sete anos de abundância seguidos de sete anos de escassez (Gênesis 41). Note que o propósito dos anos de fartura era oferecer sustento para os anos de escassez que viriam. Foi isto que salvou, tanto o Egito, quanto as nações vizinhas.
Outro exemplo é a oferta extravagante que Davi deu para a construção do templo que seu filho Salomão faria. O rei Davi deu ouro, prata e muitos materiais para a construção (1 Crônicas 29:2-3).
Observe que Davi só pode doar tudo o que doou porque ele enriqueceu muito ao longo da vida. Observe também que parte dessa riqueza excedente foi destinada para a construção do templo do Senhor. É… Davi foi fiel ao reconhecer que essa provisão abundante tinha um propósito específico.
Existem muitos outros exemplos da abundância intencional do Senhor nas Sagradas Escrituras: a abundância de Abraão, teve um propósito; tal como a abundância de Isaque, Jacó, José de Arimatéia, Cornélio e tantos outros.
Tudo isso me leva a crer que, quando Deus fornece mais do que é preciso, Ele o faz com algum propósito, com alguma intenção. Há uma fala de Paulo que corrobora com este meu pensamento, confira:
E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça,
2 Coríntios 9:8
para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra.
A abundância e o tempo
Existem momentos em que a provisão abundante de Deus tem um propósito para o tempo em que ela ocorre, por exemplo: o Senhor pode te dar vitória numa causa na justiça hoje para que você abençoe a vida de alguém com parte do dinheiro dessa causa hoje mesmo. Porém, outras vezes, o excedente deve ser guardado para ser usado no futuro, tal como aconteceu com José no Egito.
Reflexão
Não sei você, mas quando notei isso, reflete sobre a minha vida e percebi que, em muitas vezes, eu não fui fiel com o excedente que o Senhor me deu. A falta de educação financeira bíblica me fez desperdiçar muitas provisões abundantes que recebi no passado. Antes de conhecer o que a Bíblia diz sobre dinheiro, sempre que eu recebia um aumento, eu logo tratava de fazer novos gastos e aumentar meu custo de vida. Dessa forma, eu sempre vivia apertado e não conseguia abençoar a vida de ninguém ao meu redor.
Felizmente, Deus é abundante: tanto em provisão, quanto em graça para perdoar nossos erros. Ele me perdoou e me ensinou o caminho que devo seguir. Hoje posso dizer que, quando recebo algo a mais, quando recebo um aumento de renda, ou uma provisão excedente, eu não vou gastando o que recebi. Hoje eu não elevo meus gastos à medida que minha renda aumenta. Eu aprendi que, geralmente, o excedente na vida de um cristão tem um propósito.
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No mais: forte abraço, fique na paz do Senhor e até a próxima!
