Dependência de Deus VS Boa Administração

Como cristãos, somos chamados a dependermos do Senhor. Porém, também somos chamados a ser bons administradores, a cuidar de nossas famílias e trabalharmos diligentemente.

Note o quanto isso pode parecer um pouco (ou até mesmo muito) contraditório. O cristão deve ser dependente de Deus nas questões financeiras ou deve se esforçar para fazer a sua parte buscando ao máximo ter uma boa administração financeira?

Para essa questão a Bíblia segue uma resposta comum ao longo das Escrituras. Uma resposta que vai de encontro ao equilíbrio. Precisamos fazer a nossa parte e também precisamos confiarmos em Deus.

Mas… Qual é a medida certa?

Até que ponto eu devo trabalhar e me planejar para evitar que problemas me afetem? Até que ponto eu devo descansar e apenas confiar em Deus? Qual o ponto de equilíbrio devemos ter?

Dependência VS Administração
Dependência VS Administração

Dependência de Deus

O pão nosso de cada dia nos dai hoje… Este conhecido trecho da oração do pai nosso é intrigante. Ele não disse, nos capacite em nosso trabalho para conquistarmos nosso pão. Não diz, que o governo diminua a burocracia e os impostos para que possamos tocar nossos negócios e prosperarmos.

Percebe? Esse trecho da oração nos convida para uma vida de dependência de Deus. Pai, me dê o pão de cada dia.

Muitos dos cristãos atuais não gostam nem um pouco da ideia da dependência de Deus para nada, muito menos para as questões financeiras.

Dependência é quase um palavrão em nossa sociedade. O termo significa fraqueza, derrota, incapacidade e uma série de coisas tidas como negativas. Veja, temos geladeiras, freezers e armários que servem para enchermos de coisas que serão uteis para que não dependamos de ninguém amanhã.

De fato a dependência não é bem vista por muitos, mas, é exatamente isso que Deus vê com bons olhos. E para complicar mais, o Eterno (geralmente) não usa pessoas que pensam que têm tudo planejado e que podem viver de forma independente a Ele.

O convite a dependência

Nos tempos bíblicos, boa parte das pessoas eram agricultores ou pastores. Foi nesta realidade que Deus ordenou aos israelitas darem as primícias da colheita em Levítico:

Diga o seguinte aos israelitas: Quando vocês entrarem na terra que lhes dou e fizerem colheita, tragam ao sacerdote um feixe do primeiro cereal que colherem.

Levítico 23:10

Observe que não havia garantia (racional) que as suas lavouras futuras resultariam em boas colheitas, inclusive, o clima em boa parte das regiões retratadas na Bíblia não era dos mais amigáveis. A própria Escritura relata tempos de seca e escassez – lembra dos sete anos de escassez vividos pelo Egito?

Era com essa realidade que os israelitas estavam acostumados. Nessa realidade, a entrega das primícias das colheitas forçou os israelitas a dependerem de Deus.

Semelhantemente, em Levítico 25, Deus ordenou o povo a cultivar a terra durante seis anos e no sétimo (o Sabbath) deixar a terra descansar, isto é: não plantar nada no sétimo ano.

Para agravar mais ainda a questão, na sétima vez que fizessem isso, ou seja no 49° ano, deveria haver um segundo ano de descanso, chamado ano do Jubileu. Ou seja, o povo deveria passar dois anos sem plantar.

Imagine-se sendo um agricultor nessa época. Você colhe sua plantação no ano 6 antes do jubileu sabendo que o alimento precisará durar até a colheita do ano 8.

Faça esse exercício de imaginação. Se veja nessa realidade. Provavelmente, você perceberá o quão desafiadora essa perspectiva é. Você notará o quanto você precisará confiar e depender de Deus.

Deus, sabendo do desafio que seria para o homem depender e confiar nEle, disse o seguinte:

Vocês poderão perguntar: ‘Que iremos comer no sétimo ano, se não plantarmos nem fizermos a colheita?’
Saibam que eu lhes enviarei a minha bênção no sexto ano, e a terra produzirá o suficiente para três anos.
Quando vocês estiverem plantando no oitavo ano, comerão ainda da colheita anterior e dela continuarão a comer até a colheita do nono ano.

Levítico 25:20-22

Deus prometeu que Ele proveria no sexto ano, exigindo que os israelitas confiassem nEle. E no ano do Jubileu seria necessário que confiassem na provisão divina durante dois anos seguidos.

Infelizmente, Israel não confiou tanto assim e não adotou essa prática como deveria, consequentemente, Deus precisou exilar o povo para que sua terra tivesse o devido descanso – como explica 2 Crônicas 36:

Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes, que escaparam da espada, para serem seus escravos e dos seus descendentes, até à época do domínio persa.
A terra desfrutou os seus descansos sabáticos; descansou durante todo o tempo de sua desolação, até que os setenta anos se completaram, em cumprimento da palavra do Senhor anunciada por Jeremias.

2 Crônicas 36:20-21

Um novo convite para dependência e confiança em Deus foi feito no Novo Testamento por Jesus. Quando Jesus enviou os discípulos, Ele disse: “Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra” Lucas 9:3.

Não levar nada era um convite explicito a dependência de Deus. A mesma dependência que foi pedida na Antiga Aliança foi novamente solicitada aqui. Acredito, que o mesmo convite Deus faz hoje para mim e você. Mas, junto com esse convite, o Eterno faz outro: que nos sejamos bons trabalhadores, que cuidemos de nossas famílias, que sejamos dedicados, que façamos a nossa parte. É isso que veremos agora:

Boa administração: essa é a minha parte

Note que, em cada um dos cenários que Deus chamou o povo para depender e confiar nEle, Deus também deu uma tarefa para cada um. Geralmente, Deus não falava: dependa de mim e não faça nada. Não! Ele falava: dependa de mim nisso e faça aquilo.

Por exemplo, o Eterno disse para os israelitas cultivarem e colherem na terra durante 6 anos e depender dele no sétimo ano. Os discípulos não deviam levar nada pelo caminho, mas, mesmo assim, eles deviam viajar.

Em grande parte dessas situações podemos ver um misto de responsabilidades. Havia a parte de Deus e a parte do homem.

Da mesma forma, hoje ainda temos a nossa parte, ainda temos o nosso papel a desempenhar. Precisamos administrar o que Deus nos confiou para sua glória. Precisamos tomar decisões sábias com os recursos que Deus confiou a nós. Precisamos trabalhar diligentemente como se fosse para o próprio Deus. Precisamos nos planejar, administrar bem os recursos que temos, poupar e multiplicar os talentos recebidos.

Equilíbrio é a chave

Você precisa entregar seu futuro financeiro a Deus, depender e confiar nEle. Entretanto, você também precisa fazer a sua parte. A palavra-chave aqui é equilíbrio.

Tal equilíbrio não é fácil e requer esforço e autoanálise constante. A todo momento precisamos nos lembrar que Deus é responsável por nos prover, não somos nós que nos provemos 100%. Não é apenas a sua inteligência ou habilidade nos negócios que sustenta sua família, mas a graça de Deus.

Neste contexto tem um trecho bíblico que muito me ajuda a colocar minha mente nos trilhos. Acredito que a mesma ajuda você poderá obter dele. Confira:

Não digam, pois, em seu coração: “A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza”.
Mas, lembrem-se do Senhor, do seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê.

Deuteronômio 8:17-18

Pronto, esse trecho bíblico resume bem essa mensagem: Deus te dá a força, a capacidade, a inteligência, o fôlego de vida, Ele te concede tudo o que você tem. Agora, cabe a você fazer uso daquilo que Deus te dá. Trabalhe diligentemente, gaste com inteligência, se planeje, faça orçamentos, cuide da sua família, poupe, invista e doe. Faça a sua parte, mas não se esqueça que você é dependente de Deus. Faça aquilo que você tem que fazer com confiança que o Senhor proverá. Faça a sua parte certo que Deus fará a parte dEle.

Se você deseja equilibrar suas contas, confira o artigo especial 5 hábitos bíblicos para equilibrar suas contas e prosperar financeiramente.

Forte abraço fique na paz de Cristo e até a próxima.

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