Alguns cristãos se perguntam: Devo trabalhar ou viver inteiramente para Deus?
Muitos pensam que não existe cristianismo real num trabalho secular. Mas, não é bem isso que a Bíblia diz.
Veja, se por um lado, fomos criados a imagem e semelhança de Deus, por outro fomos colocados num mundo que foi contaminado pelo pecado.
Vale dizer que existe uma versão em vídeo deste conteúdo no YouTube:
O cristão no mundo
Como cristão, você vive num mundo que, desde Adão e Eva, sofre as consequências do pecado.
Existe uma tenção nisso. O cristão não é do mundo, ele pertence a Deus. No entanto, Cristo não o retirou do mundo. Não mesmo! Inclusive, a Bíblia não incentiva os fiéis a se afastarem da sociedade e viverem isolados. Pelo contrário! Jesus disse: ide, fazei discípulos; Vá até as cidades, procurem pessoas, fiquem na casa dessas pessoas. Sim, Jesus envia os cristãos ao mundo.
É fato que o Senhor deseja nos proteger das investidas de satanás que age nesse mundo. Mas também é fato que Ele quer que sejamos ativos no mundo, afinal de contas, foi o próprio Deus que criou esse mundo sobre o qual Ele é, em última instancia, soberano.
Assim, os cristãos estão espalhados pelo mundo fazendo seus trabalhos até hoje. E é no trabalho que muitos cristãos podem influenciar positivamente a cultura:
Atores, músicos e artistas (verdadeiramente) cristãos podem ser luz num habilmente que, em muitas vezes, é sombrio e perturbador. De igual modo, é importante que existam cristãos convictos trabalhando na justiça, política, jornalismo, educação, academias e nas mídias digitais exercendo a influência do reino nesse mundo.
Além disso, é no trabalho que o evangelismo pode acontecer de forma mais eficaz.
No trabalho o Reino de Deus se expande
Como os não-cristãos podem ser alcançados pelas boas novas do evangelho?
Convenhamos, há muitas pessoas que, dificilmente irão numa igreja ou buscarão a Deus de livre e espontânea vontade. Talvez, um missionário possa até bater na porta da casa deles, mas, hoje em dia, é improvável que alguém o deixe entrar.
Em contrapartida, é no ambiente de trabalho que cristãos e não cristãos estão juntos e se conhecem.
Ocasiões para testemunhar o amor de Deus surgem de forma natural – no bebedouro, no café, numa conversa sobre uma notícia, uma dificuldade no relacionamento familiar ou conjugal, uma conversa sobre o nascimento de um filho ou até mesmo sobre uma tragédia.
Acredito que os cristãos, que estão inseridos no mundo por meio de seus trabalhos, possuem mais acesso (real e natural) aos descrentes que muitos pastores, padres ou líderes religiosos famosos.
A diferença do Trabalhador Cristão
O que vou dizer pode soar estranho à primeira vista, mas, ouça atentamente:
Em boa parte das profissões, o trabalho de um cristão e de um não-cristão será exatamente o mesmo. Veja, não existe uma maneira cristã de ser carpinteiro, ou de ser engenheiro ou mesmo de ser um farmacêutico. Operários, agricultores e banqueiros cristãos e não-cristãos deveriam fazer exatamente a mesma coisa.
Sim, espera-se que um cristão deva ser honesto e ético. Mas, também esperamos honestidade e ética do trabalhador não-cristão. Inclusive, a via de regra, empregadores não desejam contratar funcionários desonestos, falsos, e que não se esforçam – isto, independente da fé que professam.
Sobre isto, posso dizer com convicção que já trabalhei com excelentes profissionais das mais diversas profissões de fé. Já trabalhei com ateus e agnósticos extremamente honestos. Semelhantemente, também trabalhei com excelentes profissões umbandistas, espiritas, católicos e evangélicos.
Fato é que, independentemente da fé do profissional, cada profissão tem seu propósito, cada atividade honesta possui a sua utilidade na sociedade. E essa atividade é basicamente a mesma para cristãos e não-cristãos.
Um executivo de negócios deve gerar lucro para os acionistas. Um funcionário cristão de escritório não deve doar o dinheiro da empresa nem tolerar funcionários improdutivos. Um policial cristão não deve perdoar todos os criminosos e nunca fazer prisões – o que seria uma violação da própria profissão.
Espiritualmente, a vida do cristão está em Cristo, como afirma Colossenses 3:3. Mas, fisicamente o cristão vive no mesmo mundo que vive o muçulmano, o hinduísta e até mesmo o ateu. E nesse mesmo mundo, todos estão sujeitos às mesmas leis naturais, vivendo no mesmo planeta, nos mesmos bairros e lidando com preocupações semelhantes.
Mas, então: como o cristão deve se diferenciar no trabalho e no mundo?
Como o Cristão deve se diferenciar no Trabalho e no Mundo?
Muitas religiões consideram “o mundo material” mau ou pelo menos não espiritual; a salvação reside em escapar das amarras da experiência nesse mundo. O Cristianismo, porém, valoriza o mundo material. Deus o criou e “viu que era bom” (Gênesis 1:10, 12, 18, 21, 25). Além disso, Deus se encarnou neste mundo, Jesus aqui viveu em nosso meio, sentido o que sentimos, vivendo o que nós vivemos.
Ele nasceu numa família, numa cultura particular, onde como filho de carpinteiro (provavelmente) trabalhou. Também os seus discípulos tiveram profissões diferentes. Muitos foram pescadores; um era cobrador de impostos; o apóstolo Paulo era construtor de tendas.
É muito provável que Mateus, o cobrador de impostos, se tornou mais honesto em seu trabalho depois de conheceu o amor de Cristo. Semelhante a mudança que Zaqueu teve ao encontrar o amor de Jesus.
Todavia, é provável que aqueles que pescavam, e faziam tendas (de forma honesta) ao exercerem suas profissões, faziam de maneira semelhante aos que eram honestos e não conheciam Jesus.
Sim, os pescadores Pedro, Tiago e João abandonaram suas redes para seguir a Cristo, embora voltassem para elas logo após sua morte. Após a Ressurreição de Cristo, eles foram chamados ao ministério da pregação e ensino. Mas, enquanto viveram, não foram tirados do mundo.
O ponto que quero chegar é que você, como cristão e como trabalhador, deve ser luz e sal neste mundo:
Luz e sal neste mundo
Deus criou esse mundo para ser governado pelo homem. E o homem foi criador para governar este mundo – e governar por meio do trabalho. Ele te criou para o trabalho; E, ao contrário do que muitos pensam, o trabalho não é um castigo pelo pecado de Adão e Eva. Não! Deus ordenou que Adão trabalhasse antes mesmo dele pecar.
Da mesma forma que Deus te criou para trabalhar, ele também te criou para espalhar as boas novas do reino. Faça isso sendo um profissional exemplar, faça isso sendo ético, honesto, se especializado, se dedicando para atender clientes e fornecedores como se estivesse atendendo o próprio Deus.
Mais que isso, não se isole do mundo. Não viva somente em meio aos cristãos. Não viva apenas na igreja. Tenha contato com os descrentes: ame aqueles que não ama a Cristo. Faça isso em seu trabalho, em sua faculdade e em sua academia. E aproveite as oportunidades que só você terá para amar as pessoas como Jesus amaria, aproveite para apresentar a Jesus para aqueles que fazem parte do seu dia a dia.
O cristianismo não é uma fé apenas de sábado ou domingo, mas sim, um estilo de vida que deve ser vivido todos os dias e em todos os ambientes que formos.
No mais: forte abraço, fique na paz do Senhor e até a próxima.