Dízimo na Bíblia: Devemos dar o dízimo? Dízimo é coisa da Antiga Aliança? Tudo O Que Você Precisa Saber!

Dízimo na Bíblia: muitas dúvidas pairam sobre este assunto… Alguns dizem que o dízimo é obrigação de todo o cristão. Já outros afirmam que Jesus aboliu o dízimo. Tem gente que diz que dízimo é coisa da lei e que não vale mais hoje. Já outros, acreditam que o dízimo é um ato de obediência a Deus.

Mas… Qual é a verdade sobre dízimo? Onde ele surgiu? Para que função foi criado? E a pergunta principal: devemos dar o dízimo hoje?

Tudo isso (e muito mais) você verá aqui. Então, continue lendo, é conheça tudo o que você precisa saber sobre dízimo.

Dízimo na Bíblia
Dízimo na Bíblia

Observação: caso você prefira, existe uma versão em vídeo deste conteúdo no Youtube.

O que é o dízimo na Bíblia?

Em sua origem do latim a palavra dízimo significa décima parte de uma quantia, em outros palavras, significa 10%. Logo, dízimo na Bíblia se refere a entrega de 10% de toda a renda para Deus de forma a reconhecer que 100% de nosso sustento vem dEle.

A história do Dízimo na Bíblia

Dízimo antes da lei

O dízimo já era praticado antes mesmo do cristianismo: gregos, romanos e árabes praticavam o dízimo. No contexto bíblico, podemos dizer que o primeiro dízimo mencionando nas Escrituras está registrando no livro de Gênesis. Confira a primeira menção do dízimo na Bíblia:

E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

Gênesis 14:19,20

Abraão entregou o dízimo de tudo a Melquisedeque, que era rei e sacerdote do Senhor. Vale ressaltar que nessa época ainda não existia a lei escrita. O dízimo não estava institucionalizado em uma lei redigida onde todos os fiéis deveriam dizimar.

Abraão, sendo o pai da fé, dizimou por fé em agradecimento ao Senhor.

Mas, existe outro registro bíblico a respeito do dízimo que precede a lei de Moises. Tal registro está em Gênesis 28:20-22 onde vemos Jacó fazendo um voto de entregar o dízimo a Deus:

E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;
E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;
E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.

Gênesis 28:20-22

Os dízimos de Abraão e Jacó revelam que dizimar era uma prática anterior a lei mosaica. Porém, como veremos a partir de agora, o dízimo foi institucionalizado por meio da lei de Moises. Podemos verificar isso no livro de Levítico:

Todos os dízimos da terra, seja dos cereais, seja das frutas das árvores, pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor.São esses os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai para os israelitas.

Levítico 27:30, 34

Estes versículos revelam que o dízimo foi uma ordenança para todos os israelitas, de modo que todos deveriam ser dizimistas.

Observemos o seguinte… A sociedade daquela época era basicamente agrícola. Não havia muito dinheiro e as transações, em sua maioria, eram feitas trocando um produto por outro. Por isso, os dízimos eram principalmente dados em produtos agrícolas.

A função do dízimo

O dízimo na Bíblia tinha várias funções. Vejamos duas delas:

1° função do dízimo: sustento o templo

Parte dos dízimos eram destinada ao sustento do templo, sacerdotes e levitas, que eram os líderes espirituais do povo e se dedicavam ao serviço do templo e ao ensino das Escrituras. Confira:

E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.

Números 18:21

2° função do dízimo: assistência social

O dízimo também tinha uma função social onde uma parte era dada aos órfãos, viúvas, peregrinos e aos levitas:

Quando tiverem separado o dízimo de tudo quanto produziram no terceiro ano, o ano do dízimo, entreguem-no ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que possam comer até saciar-se nas cidades de vocês.

Deuteronômio 26:12

O mandamento do dízimo

Baseado na lei de Moises, o dízimo na Bíblia era um mandamento, uma obrigação. De modo que, aquele que não dizimasse, era tido como ladrão. Tal como afirma Malaquias 3:

Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.

Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação.

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.

E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.

Malaquias 3:8-11

Essa é a história do dízimo, principalmente no Antigo Testamento. Mas, e no Novo Testamento? O que a Bíblia diz sobre dízimo? Ela ordena o dízimo na Nova Aliança? E a pergunta mais importante: o dízimo é (ou não) uma ordenança para os dias de hoje?

Dízimo no Novo Testamento

Com a vinda de Cristo ao mundo, veio também o Novo Testamento. Se antes o povo vivia debaixo da lei, a partir de Cristo, o povo passou a viver plenamente debaixo da graça, como afirma Romanos 6:14: […] porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça.

Este é um fato teológico reafirmando por diversos trechos bíblicos. Vemos isso em Gálatas 2:19; Romanos 7:4; Romanos 8:2; Tiago 1:25 e a lista segue. Dentro dessa perspectiva, muitas leis do Antigo Testamento deixaram de ser leis no Novo Testamento:

  • Se antes os adúlteros deveriam ser apedrejados (conforme afirma Deuteronômio 22:22-24), depois de Cristo, o adultério não mais seria punido com morte – conforme o próprio Jesus indica em João 8:1-11;
  • Se antes era proibido o consumo de carne de porco, como indica Levítico 11:7-8; Jesus permitiu o consumo de tais alimentos, conforme está claro em Marcos 7:19;
  • Se antes o fiel precisava se circuncidado, depois de Cristo, a circuncisão física passou a não ser obrigatória.

Várias leis deixaram de ser leis. Entretanto, algumas leis da Antiga Aliança se tornaram mais radicais:

  • Se antes o adultério era considerado pecado, Jesus foi além, Ele disse que qualquer que olhar com intenção impura, já cometeu adultério (Mateus 5:28);
  • Se antes o homicídio era pecado como afirma um dos dez mandamentos (não mataras) Jesus afirma que qualquer um que se irar contra seu irmão já estará sujeito a julgamento (Mateus 5:22).

Com tais exemplo, note que algumas leis passaram a não ter a mesma validade, e outras passaram a ter contornos mais radicais. Daí vem as perguntas: E o dízimo? Ele é uma ordenança para o fiel do Novo Testamento? Você deve (ou não) ser dizimista?

Devemos dar o dízimo hoje?

Aqui eu te peço, por favor, não tire conclusões precipitadas sobre nada do que vou dizer. Por favor, me ouça até o fim e, só depois, tire suas próprias conclusões. Em contrapartida serei o mais breve e claro possível.

Quanto a pergunta se o dízimo é uma ordem para os dias de hoje, tenho que ser o mais sincero possível. E a resposta é: não há uma resposta direta.

Não há, pois, no Novo Testamento não existe nenhum versículo dizendo “trazei todos os dízimos”. Não se vê nas cartas dos apóstolos nenhum mandamento direto relacionado a entrega do dízimo. Não existe nenhuma menção direta e categórica ordenando a devolução do dízimo. Hora, se houvesse, não existiria tanto debate sobre o tema.

Por outro lado, assim como no Antigo Testamento, vemos que a contribuição era muito presente no Novo Testamento. Inclusive, em alguns casos, a contribuição era até mesmo superior (e muito superior) aos 10% do dízimo.

Na igreja primitiva por exemplo, as pessoas contribuíam com tudo que tinham. Não apenas com 10%, elas vendiam tudo que tinham e ofertavam ao Senhor. Confira, mas confira sem tirar conclusões precipitadas, leia até o final:

Da comunidade dos que creram o coração era um e a alma uma, e nenhum deles dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas tudo entre eles era comum. Com grande poder os apóstolos davam o seu testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e depositavam-no aos pés dos apóstolos; e repartia-se a cada um conforme a sua necessidade.

Atos 4:32-35

Que fique claro: não estou afirmando que o padrão do Novo Testamento é contribuir com 100%. Não estou dizendo que você deve vender seus bens e entregar o dinheiro recebido para obra de Deus, assim como alguns fizeram na igreja primitiva. Relatei este fato, para evidenciar a grande importância das contribuições no Novo Testamento.

Todavia, como disse, não há no Novo Testamento nenhum versículo que ordene (de forma direta) a prática do dízimo nos moldes do Antigo Testamento. Daí, nos deparamos com outra pergunta chave: se não há nenhum versículo no Novo Testamento que ordene a prática do dízimo, e as contribuições eram extremamente importantes, como elas deveriam ser feitas no período neotestamentário?

Como as contribuições deveriam ser feitas no Novo Testamento?

Paulo dá a resposta para essa pergunta por meio de um ensinamento maravilhoso sobre como devem ser nossas contribuições. E este ensinamento está registrado em 1 Coríntios 16:2, confira:

No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade.

1 Coríntios 16:2

Veja, se por um lado não há um versículo claro que ordene o dízimo no Novo Testamento; por outro, Paulo diz que a contribuição deve ser regulares e proporcionais. Regular, pois devia ser feita toda semana, no primeiro dia de cada semana. Proporcional, pois deve ser feita de acordo com a prosperidade de cada um.

Pense bem… Paulo recomenda contribuições proporcionais e regulares. Note que o dízimo se encaixa perfeitamente nestas características. Ora, ele é proporcional (10%) e regular (pois é entregue sempre que há alguma renda).

Note também que o dízimo é um princípio participativo, que expressa generosidade e possibilita suprir as necessidades da igreja, do templo e ainda as várias necessidades sociais da população – tal como mencionei nas duas funções do dízimo do Antigo Testamento.

Há quem diga que o dízimo faz parte da lei, e que a lei foi abolida por Cristo. Porém, como disse anteriormente, o dízimo já existia antes da lei escrita. Abraão e Jacó já dizimavam antes da inserção do dízimo na lei. Sem contar que, em todo Novo Testamento, não vemos em nenhum lugar, a abolição do dízimo. Não vemos em nenhum lugar dizendo, não trarás o dízimo ao Senhor.

Mas, faço uma ressalva… Sim, eu sou dizimista e recomendo que você também seja. Todavia, não vejo sustentabilidade teológica para afirmar que o dízimo é uma obrigação, que é uma lei, que todo o cristão deve seguir para entrar no reino dos céus.

Baseado em Malaquias 3 a quem diga que o dízimo é um mandamento para todos os cristãos. Porém, como disse, não vejo sustentação teológica suficiente para tal afirmação.

Entretanto, minha recomendação é que você contribua de forma regular e proporcional para a igreja a qual você pertence. E, uma ótima forma de fazer isso, é por meio dos dízimos. É por isso que sou dizimista e recomendo que você também seja.

Particularmente, eu não tenho o dízimo como ponto final da minha contribuição. Tenho o dízimo como ponto inicial, como ponto de partida. Procuro sempre contribuir em minha igreja com no mínimo 10% da minha renda, mas, na medida que Deus me faz prosperar ou que Ele me direciona, contribuo com mais. À medida que Deus me abençoa, oferto mais.

Dízimo no meio “secular”

Desde que comecei a estudar sobre finanças pessoais lendo livros, fazendo cursos e treinamentos, algo muito me chamou atenção. Que algo é este? Que educadores que não possuem material teológico ou cristão também recomendam o dízimo

Um exemplo disso é o caso do educador financeiro T. Harv Eker, autor de um dos livros mais vendidos sobre finanças pessoais da história, o livro Segredos da Mente Milionária.

Saiba que ele recomenda em seu livro que você separe 10% da sua renda para fazer doações. Por que ele faz tal recomendação? Porque é comprovado que quem destina parte da sua renda para uma causa maior, para o benefício de terceiros, para fazer do mundo um lugar melhor, tende a ter uma vida mais prospera!

Ora, se você vê que seu dinheiro está contribuindo para abençoar pessoas, isso é um baita incentivo para você se tornar um profissional melhor, trabalhar com mais afinco e eficiência para assim receber mais dinheiro e, consequentemente, poder contribuir mais ainda para um mundo melhor.

Portanto, eu também recomendo que você seja um contribuinte generoso em sua igreja. Recomendo que seja um dizimista, um ofertante, que separe parte da sua renda para ajudar com uma obra social e etc. O maior beneficiado será você! É como o próprio Jesus disse: há maior felicidade em dar do que receber (Atos 20:35)! E que tem o hábito de dar, sabe bem que isso é verdade.

E você? O que acha sobre isso? Qual é a ideia do dízimo na Bíblia? Dízimo é ou não é algo para praticarmos hoje em dia? Vamos continuar essa conversa nos comentários?

No mais: forte abraço, fique na paz de Cristo a até a próxima!

14 Comentários

  1. Irisnete Soares

    E Hebreus capítulo 7 , e Mt 23:23 ?
    Eu também amo dizimar de tudo.

    Responder
    1. Samuel Vinicius

      Olá Irisnete. Paz!

      Ao meu ver, em Mateus 23:23 Jesus se direciona aos fariseu falando que eles dizimam, mas ignoram os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. O Mestre finaliza dizendo aos fariseu que eles deveriam dizimar e levarem em considereção a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

      No meu ponto de vista, esse versículo não determina um mandamento do Novo Testamento referente ao dízimo.

      Mas, como eu disse, Jesus, os discípulos e a igreja primitiva deram muito mais que apenas 10%, ao meu ver eles deram tudo (ou quase tudo).

      Responder
      1. Waldir Fernando de Oliveira

        A expressão “””DEVERIAM DIZIMAR””” no meio do versículo, não diz nada pra você???
        PRA VOCÊ, a expressão “””DEVERIAM DIZIMAR”””, no meio do versículo, anula tudo o que já foi dito sobre a importância e o privilégio de devolver um décimo do que se recebe na vida, para sua sobrevivência???
        PRA VOCÊ, a expressão “””DEVERIAM DIZIMAR””” no meio do versículo, dá carta branca pra você só ficar se alimentando das coisas de Deus e ficar livre de contribuir com a obra???
        PRA VOCÊ, a expressão “””DEVERIAM DIZIMAR”””, no meio do versículo, é apenas um termo imperativo lançado ao vento??? ETC… e por aí vai….

        Responder
  2. Luciano

    Entendi a ideia só dízimo, é uma oferta de amor.Mas, a minha dúvida real é. Quando dizimamos, deve ser sobre o valor bruto, ou líquido?
    Essa questão que eu ainda não entendo.

    Responder
    1. Samuel Vinicius

      Geralmente, recebemos muitos benefícios que não estão no salário líquido: seguro de saúde, alimentação, INSS… Eu dizimo considerando esses valores.

      Responder






Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *